vale a pena investir em ações após queda pós-resultado?
As ações da Raízen (RAIZ4) tiveram uma queda significativa de 16,13% na última semana, sendo a maior desvalorização do Ibovespa no período. Apenas na sessão seguinte à divulgação dos resultados do primeiro trimestre, na quinta-feira (14), os papéis caíram 12,50%.
De acordo com a XP Investimentos, a performance da empresa foi desafiadora, embora os resultados tenham sido dentro do esperado. Entre os principais fatores que impactaram o desempenho estão:
- Aumento da Dívida: A Raízen substituiu contratos com fornecedores por dívida, o que elevou a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 4,5 vezes.
- Eficiência Operacional: A empresa apresentou ganhos de eficiência, mas que são vistos como não recorrentes.
- Condições Climáticas: As condições adversas diminuíram os volumes de moagem, dificultando a diluição dos custos.
- Perdas em Estoques: A distribuição de combustíveis no Brasil sofreu com perdas, agravadas por uma parada de manutenção prolongada na Argentina.
A Raízen também informou que está avaliando, juntamente com seus acionistas controladores, a possibilidade de um aumento de capital, embora as discussões estejam em estágios iniciais.
Após o fraco desempenho no primeiro trimestre do ano safra (1T26), o Bradesco BBI reduziu o preço-alvo das ações de R$ 2,80 para R$ 2, mas ainda recomenda a compra. O Ebitda ajustado da companhia no 1T26 foi de R$ 1,9 bilhão, que embora esteja em linha com as projeções do banco, ficou abaixo do esperado pela maioria dos analistas. A divisão de Mobilidade teve um bom desempenho, apresentando uma margem de R$ 149/m³, superior à de concorrentes. O Ebitda da segmentação de Açúcar e Renováveis ficou em R$ 862 milhões, uma queda de 27% em comparação ao ano anterior, devido a menores volumes e redução na diluição de custos.
A dívida líquida da Raízen subiu para R$ 49 bilhões, um aumento significativo em relação aos R$ 34 bilhões registrados no final do último trimestre, impulsionada pelo consumo de caixa que está relacionado ao fim da maioria das operações de financiamento a fornecedores.
O BTG Pactual, por sua vez, mantém a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 3. A análise indica que a Raízen começa a mostrar sinais operacionais positivos, embora o início desafiador da safra de cana tenha impactado a lucratividade. O Ebitda caiu 18% em relação ao ano passado, revertendo para R$ 1,9 bilhão.
Contudo, foi notada uma redução de 19% nas despesas gerais e administrativas, o que sugere um gerenciamento mais eficiente. O BTG destaca que a moagem de cana começou a ganhar ritmo, o que pode aumentar a alavancagem operacional.
Em relação a sua dívida, que totalizou R$ 1,6 bilhão no trimestre, a Raízen precisará acelerar o processo de desalavancagem. O banco vê de maneira positiva a possibilidade de um aumento de capital, que pode ajudar a companhia a reduzir sua dívida. A análise sugere que um pequeno aumento na geração de caixa pode ser um fator importante para a valorização das ações.
O BB Investimentos está revisando suas estimativas para a Raízen, ressaltando que o primeiro trimestre trouxe resultados negativos impactados por queimadas e competição acirrada no segmento de mobilidade. A empresa apresentou um resultado líquido negativo de R$ 1,8 bilhão, o que representa 14,8% do valor de mercado, destacando desafios no contexto atual.
O UBS BB adota uma posição neutra em relação às ações, com preço-alvo de R$ 1,50, e enfatiza que ainda há muito a ser feito antes de a empresa alcançar uma recuperação significativa. Para os analistas, a Raízen apresentou melhorias após reestruturações em trimestres anteriores, mas ainda há um caminho a percorrer para que isso se traduza em retorno para os acionistas.
De acordo com uma pesquisa de mercado que considera 11 instituições, sete delas recomendam a compra das ações da Raízen, enquanto quatro sugerem manutenção, com um preço-alvo médio de R$ 2,49, o que representa um potencial de valorização de 139% em relação ao fechamento mais recente.