Recusa de atestado revela agressões a médicos em SC
A situação nas unidades de saúde de Itajaí está bem preocupante. Nos últimos dias, quatro médicos sofreram agressões, o que levou a prefeitura a tomar medidas para tentar garantir a segurança dos profissionais na cidade.
Uma médica, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que foi agredida dentro de um consultório após se recusar a emitir um atestado. A paciente, insatisfeita, começou a xingar e a proferir ofensas, acusando a médica de estar ali apenas por dinheiro. “Tentei não entrar na discussão, pois quanto mais você fala com alguém alterado, pior fica a situação. Fiquei esperando o segurança”, explicou a profissional.
Apesar de não ter reagido, a situação se intensificou. A mulher ficou tão agressiva que bateu com uma receita no computador, atingindo o rosto da médica antes de deixar o consultório. E isso não foi um caso isolado.
O desabafo da médica evidencia uma realidade alarmante: “Todos os dias sofremos agressões. As pessoas parecem achar normal gritar com enfermeiros, recepcionistas e médicos. A violência verbal se tornou parte do nosso trabalho, mas não deveria ser assim.”
Agressões contra médicos são comuns no Brasil
A situação é séria em todo o país. Dados do Conselho Federal de Medicina mostram que, em média, um médico é agredido a cada três horas no Brasil, somando nove casos por dia em consultórios, hospitais e Unidades de Pronto Atendimento.
Em resposta aos episódios de violência em Itajaí, a prefeitura decidiu implementar algumas mudanças importantes para aumentar a segurança de todos os profissionais. Entre as medidas anunciadas, estão:
Rotas de fuga: Criar saídas rápidas nos consultórios, permitindo que médicos se retirem em situações de agressão.
Botão de pânico: Implementar um sistema de alarme nos consultórios para situações de emergência.
Além disso, outras ações estão sendo planejadas:
Segurança armada: Um processo para contratar segurança armada já está em andamento, com previsão de conclusão em três a quatro meses. O investimento será em torno de R$ 3 milhões.
Câmeras de vigilância: Novas câmeras serão instaladas em todas as unidades de saúde, com tecnologias que auxiliam na identificação de pessoas, incluindo aquelas com mandados de prisão.
As autoridades esperam que as implementações comecem nas próximas semanas, enquanto isso, os profissionais que foram chamados de “heróis” durante a pandemia agora se veem diante do medo no próprio local de trabalho.
“Eu me sinto impotente, mas sei que nasci para ser médica e não faria outra coisa. Acredito que as coisas podem mudar”, desabafou a médica agredida.