Protesto contra Nikolas Ferreira mobiliza evento em SC
Presença confirmada do deputado federal na Univali de Itajaí gerou uma onda de protestos por parte dos estudantes.
O evento “Ação Política Atlântico Sul – APAS Conference”, que está agendado para sábado (23) na Univali, viu uma disparada na venda de ingressos após a polêmica em torno da aparição de Nikolas Ferreira (PL). Na última semana, 14 centros e diretórios acadêmicos se manifestaram contra a realização do evento no campus, que será realizado no teatro Adelaide Konder.
Os alunos, em uma nota de repúdio, criticaram a presença do deputado. Para eles, ele é considerado “um dos principais rostos do fascismo no Brasil”, e sua presença estaria ligada a uma campanha pela anistia de Jair Bolsonaro. A deputada estadual Ana Campagnolo (PL) também foi alvo de críticas por seu discurso antifeminista.
Aumento da procura após polêmica envolvendo Nikolas Ferreira
Segundo a assessoria do evento, a procura por ingressos aumentou bastante depois da manifestação dos estudantes. O número de ingressos teve que ser ampliado para atender à demanda. “Já estava havendo um bom movimento antes, mas depois da nota de repúdio, a busca disparou”, comentou a assessoria.
O que chama atenção é que muitos que compraram ingressos disseram ter ficado sabendo do evento apenas por causa das manifestações. Essa polêmica despertou um interesse maior, trazendo um público que, até então, desconhecia a conferência.
Repercussão
O manifesto dos acadêmicos não se restringe apenas a criticar a presença dos deputados, mas também a produtora Brasil Paralelo, que organiza o evento. Eles descrevem a produtora como “de extrema direita”, a qual teria um histórico de promover revisionismo histórico e enaltecer a ditadura militar brasileira.
Os estudantes ainda pontuaram que a realização do evento vai contra os princípios do Estatuto e Regimento Geral da Univali, que exige respeito à dignidade humana e proíbe discriminação de qualquer forma. O manifesto pede uma posição pública da reitoria e do DCE da Univali, além de solicitar que o contrato de locação do teatro seja rescindido. “A Univali não pode ser palco para fascistas”, destacaram.
Univali se manifestou
A Univali destacou, em nota, que seus espaços estão abertos a todos os tipos de vozes, ressaltando a importância da liberdade de expressão. “Uma universidade que não pode ser espaço para o debate de ideias perde sua essência. Impedir a realização de um evento por discordar de suas ideias é substituir o diálogo pela censura”, afirma a nota.
A universidade também ressaltou que o evento não é organizado por ela. “Nossos espaços estão disponíveis para diferentes debates, respeitando sempre as leis e normas institucionais.”
Por fim, a Univali reforçou seu papel como um ambiente plural e democrático, onde diferentes perspectivas políticas e ideológicas podem ser discutidas.
Evento nega viés ideológico
A diretoria executiva da APAS também se pronunciou, respondendo às manifestações de alunos da Univali. Em nota, afirmaram que as alegações de que o evento teria um viés “fascista” ou alinhado à extrema direita carecem de fundamentos e ferem o espírito democrático da conferência.
“O APAS CONFERENCE 2025 é um espaço plural, que não se alinha a ideologias destrutivas, mas que incentiva a convivência de diversas visões em sua programação”, finaliza a nota.