Itapema

Polícia expõe abusos em clínicas de reabilitação em SC

Uma recente operação da Polícia Civil em Santa Catarina trouxe à tona um esquema alarmante de clínicas de reabilitação clandestinas. Na última terça-feira (2), a ação revelou práticas brutais em estabelecimentos que se diziam locais de tratamento, mas, na verdade, eram cenas de horror.

Os investigadores descobriram que algumas pessoas, atuando como falsos policiais, abordavam e capturavam pacientes à força. Uma vez dentro, o que esperava por eles eram condições de higiene deploráveis e violência física. Essa operação, chamada “Barbacena”, começou depois de um inquérito aberto em outubro, a partir de denúncias e uma vistoria feita pela Prefeitura de Imbituba, onde vários relatos indicavam que os internados estavam sofrendo maus-tratos.

Na terça, as ações se espalharam por Garopaba, Itapema, Balneário Camboriú e até Porto Alegre (RS), com cinco mandados de busca e apreensão sendo cumpridos. Além disso, a Justiça bloqueou bens relacionados ao esquema que somavam mais de R$ 1 milhão.

Pacientes eram submetidos a abusos e sedação

Durante as investigações, ficou claro que os pacientes eram vítimas de táticas violentas para que aceitassem a medicação. A polícia descobriu que, muitas vezes, os internos eram impedidos de sair das clínicas e eram frequentemente agredidos fisicamente. Além disso, a alimentação que recebiam era escassa e inapropriada do ponto de vista nutricional. Certa vez, chegou-se a verificar que os medicamentos eram administrados por outros internados, sem acompanhamento médico, o que é extremamente preocupante.

A delegada Susana Seibel Kloeckner comentou sobre a gravidade da situação: “Não encontramos registros adequados dos pacientes, nem prescrições médicas. Em uma das buscas, localizamos documentos que mostravam como funcionava o esquema.”

Esquema em clínicas de reabilitação sustentava luxo

O esquema não se restringia a Imbituba. A Polícia Civil identificou que outras clínicas em cidades vizinhas eram usadas para transferir pacientes sempre que uma vistoria se aproximava. “Quando inspecionamos a clínica de Imbituba, alguns pacientes foram enviados para Garopaba, enquanto outros foram levados para Itapoá”, explicou a delegada.

Os familiares dos internados chegavam a pagar cifras altas, em torno de R$ 3 mil por mês, além de R$ 5 mil somente para “remoções” dos pacientes das ruas. Este dinheiro alimentava o estilo de vida opulento de alguns dos responsáveis pelas clínicas, que desfrutavam de carros importados e mansões.

Até agora, dois dos empresários envolvidos enfrentam processos por sequestro devido a essas “remoções” e estavam em liberdade provisória sob a condição de não cometer novas infrações. Um dos acusados foi preso em Porto Alegre, enquanto outros permanecem foragidos. A situação se desenrola em meio a uma preocupação crescente sobre a segurança e os direitos dos pacientes em reabilitação.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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