Itapema

Pessoas em situação de rua em Santa Catarina: quem são?

Um estudo feito pelo Ministério Público de Santa Catarina revela um retrato das pessoas que vivem nas ruas em 13 cidades do estado, explorando suas características e as razões por trás dessa situação. O levantamento traz propostas para ajudar a melhorar essa realidade, que é preocupante.

A pesquisa mostra que a maior parte das pessoas em situação de rua no estado foi à escola, não costuma ter contato com a família e enfrenta o desemprego como a principal razão para a sua condição. Também foram identificados problemas na rede de apoio, como falta de estrutura e articulação entre os serviços públicos.

As cidades de Florianópolis, Joinville e Itajaí estão no topo da lista, com juntas somando cerca de 5 mil das mais de 11 mil pessoas registradas no CadÚnico até março de 2025. O estudo classificou as áreas em seis regiões, incluindo Grande Florianópolis e Foz do Rio Itajaí.

Perfil das pessoas em situação de rua em Santa Catarina

As características das pessoas que vivem nas ruas em Santa Catarina têm semelhanças. Os principais fatores que levaram a essa situação incluem o desemprego, problemas familiares e a perda de moradia.

Pessoa em situação de rua
Cerca de 11 mil pessoas vivem nas ruas de Santa Catarina, aponta levantamento – Foto: Reprodução/MPSC/ND

Grande Florianópolis

Na região que inclui Florianópolis, Palhoça, São José e Biguaçu, a maioria das pessoas em situação de rua são homens (87,33%), com idade entre 30 e 39 anos (29,86%), e brancas (58,16%). A grande maioria já frequentou a escola e sabe ler, e mais de metade vive na rua há seis meses ou menos. As razões que mais aparecem são o desemprego (52%), problemas familiares (32%) e o uso de álcool ou drogas (20%).

Foz do Rio Itajaí

Na Foz do Rio Itajaí, que abrange ITajaí, Navegantes, Balneário Camboriú, Camboriú e Itapema, o mapeamento indica 1.675 pessoas em situação de rua. Aqui, também a maioria é masculina (90,88%) e a faixa etária mais comum é de 30 a 39 anos. A maioria já foi à escola e sabe ler, e muitos vivem na rua há até seis meses, geralmente por conta do desemprego (58%).

Joinville

Joinville possui uma população de 963 pessoas vivendo nas ruas. Assim como nos outros lugares, a maioria são homens (90,82%), entre 30 e 39 anos. O padrão se repete: quase todos frequentaram a escola e sabem ler, e a desculpa mais comum para estar na rua é o desemprego (50%).

Pessoa em situação de rua
Mais de 90% das pessoas em situação de rua, que vivem em Santa Catarina, já frequentou a escola e sabe ler – Foto: Divulgação/ Prefeitura de Blumenau/ND

Blumenau

Em Blumenau, 494 pessoas são apontadas como vivendo nas ruas. A maioria (92,12%) é masculina e 64,79% se identificam como brancas. Quase todos já frequentaram a escola e sabem ler. A razão para viver na rua geralmente é o desemprego (68%).

Criciúma

Na cidade de Criciúma, 429 pessoas vivem nas ruas, e novamente, a maioria é masculina (89,66%) e entre 30 e 39 anos (38,24%). A grande parte já foi à escola e muitos estão na rua por problemas familiares (49%) e desemprego (42%).

Tubarão

Em Tubarão, onde 234 pessoas vivem nas ruas, o perfil se repete. A maioria são homens (91,12%) e a faixa etária mais comum é de 30 a 39 anos. Embora o percentual seja um pouco menor, a maioria também frequentou a escola e sabe ler. Os problemas familiares são apontados por 51% como uma das razões para a situação.

Alternativas para assistência social

A pesquisa destaca que experiências em outros países mostraram que a integração entre políticas sociais e segurança pública resulta em melhores resultados. O Ministério Público está planejando criar recomendações para os municípios e, se necessário, entrar com ações judiciais para garantir que as políticas sejam cumpridas. Além disso, uma campanha de comunicação está sendo prevista para combater preconceitos e levar informações sobre a realidade das pessoas que vivem nas ruas.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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