Operação em SC investiga fraude em construtora milionária
A Operação “Black Flow” está em andamento em Itapema, e o objetivo é investigar um esquema fraudulento que causou um rombo de R$ 90 milhões. A ação é liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), em colaboração com a 2ª Promotoria de Justiça da cidade. Nesta quarta-feira (3), as autoridades cumpriram 28 mandados de busca e apreensão, além de quatro mandados de prisão preventiva.
Os indícios apontam para crimes sérios, como organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro. As investigações revelam que diversas pessoas e empresas estavam envolvidas em uma estruturação fraudulenta que fazia com que empreendimentos imobiliários parecessem legais. Em muitos casos, os imóveis foram comercializados sem o cumprimento das normas exigidas, como a falta do registro de incorporação imobiliária e atrasos nas obras.
Operação contra a fraude
A Vara de Combate às Organizações Criminosas em Florianópolis emitiu as ordens judiciais que foram cumpridas em locais como Porto Belo, Itapema e Joinville, além das capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo. O esquema envolve sete empresas principais e uma holding registrada nos Estados Unidos. Para cada empreendimento, foram criadas Sociedades Limitadas de Propósito Específico (SPE), totalizando cerca de 43 empresas vinculadas, embora apenas 16 realmente tenham interagido com clientes. Curiosamente, apenas um empreendimento foi concluído em Itapema, e ele trouxe à tona inúmeras irregularidades.
O Gaeco explica que o esquema começava quando o grupo lançava um novo empreendimento na forma de SPE, sem registro de incorporação, e começava a vender as unidades, captando dinheiro que era rapidamente retirado para contas pessoais dos investigados. Os recursos de uma SPE, em alguns casos, eram usados para cobrir gastos de outra, tornando a situação ainda mais complicada.
Ocultação dos recursos
A investigação mostrou que o dinheiro arrecadado dos compradores estava sendo escondido. Parte dele foi usada para despesas pessoais, como pagamento de cartões de crédito e compra de veículos. O fluxo de dinheiro é surpreendente: enquanto as contas apresentam saldos baixos, os valores que entraram nelas eram significativos, o que levanta suspeitas sobre a verdadeira destinação dos recursos.
Conversas entre os investigados e seus colaboradores foram interceptadas, revelando instruções para transferências bancárias sem justificativa, além do pagamento de contas e gerenciamento tributário para encobrir as ações ilegais. O esquema previa a venda de unidades antes mesmo de uma obra ser iniciada, descumprindo os contratos assumidos.
Fraude de R$ 90 milhões
A partir dos extratos bancários analisados, as transferências entre grupos e SPEs, que muitas vezes não tinham sequer obras em andamento, foram identificadas. No total, a fraude movimentou quase R$ 90 milhões, prejudicando muitos compradores e corretores. O esquema expôs uma grave falta de viabilidade econômica e o uso irregular de recursos.
O que significa “Operação Black Flow”
O nome da operação refere-se ao fluxo obscuro do dinheiro que os compradores depositaram, que depois era desviado para contabilidade pessoal de investigados. O Gaeco, com apoio da Polícia Científica de Santa Catarina, trabalha para garantir a integridade das provas coletadas durante a operação, que conta, também, com a colaboração do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
As investigações estão sob sigilo, mas novas informações poderão ser divulgadas assim que o processo avançar.