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Morador de Brumadinho relata interdição de residência por risco

O sonho de ter a casa própria, cercada por uma área verde e com varanda, enfrenta dificuldades com a elevação do nível de emergência da barragem B1-A, de 1 para 2. Esse é o caso de Odilon Souza, um trabalhador rural de 49 anos, que está na fase final da construção de sua casa na comunidade de Quéias, em Brumadinho, Minas Gerais. Após cinco anos de trabalho duro, Odilon estava pronto para se mudar, mas agora não poderá acessar seu imóvel devido ao intervalo de segurança imposto pela mineradora Emicon.

Odilon começou sua construção em 2019, investindo cerca de R$ 120 mil em materiais e mão de obra, e já tinha colocado cerâmica e faltava apenas o reboco externo. Infelizmente, ao se aproximar da conclusão, a casa foi interditada, trazendo incertezas sobre o futuro. “Não sei como vai ficar. Eles vão pagar? Estava me preparando para morar e até alugar, e agora estão interditando”, comenta o trabalhador.

Diante do risco elevado, a Defesa Civil de Brumadinho começou a retirar as sete famílias que residem na comunidade de Quéias. As famílias estão sendo transferidas para moradias temporárias, com prioridade para mulheres, crianças e idosos. A remoção será feita de maneira gradual, e a quantidade exata de pessoas deslocadas poderá ser atualizada conforme novas avaliações.

Odilon expressa preocupação não apenas com a segurança de sua casa, mas também com a possibilidade de vandalismo. “A prefeitura disse que vai proteger o que construímos, mas será que realmente será assim? Precisamos que considerem o esforço e dinheiro que já investimos”, desabafa. Ele aponta que o auxílio financeiro oferecido pode não ser suficiente para cobrir os custos de sua nova realidade.

A Prefeitura de Brumadinho planeja oferecer apoio social às famílias afetadas, por meio do Centro de Referência de Assistência Social Especializado em Calamidades (CRASEC). Este apoio incluirá acompanhamento psicológico, acesso a programas sociais e serviços públicos, além de ajuda na intermediação de empregos via SINE.

Enquanto isso, a situação destaca um problema mais amplo, já que Minas Gerais concentra o maior número de barragens em risco alto de emergência nos últimos dois anos, gerando preocupações constantes para as comunidades próximas.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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