Golpe do ‘falso advogado’ revela falha da Vivo em ativação de linha
Golpistas em Balneário Camboriú estão se passando por advogados, e tudo isso pode ter sido facilitado por uma falha na operadora Vivo. No dia 17 de outubro, um usuário acessou seu aplicativo e se deparou com uma terceira linha telefônica — uma linha que ele nunca contratou. O aplicativo indicou que essa linha foi ativada no dia 9 de outubro e já tinha consumido 3,6 GB de um pacote de 14 GB, ou seja, alguém estava usando essa linha sem autorização.
O usuário fez o que qualquer pessoa em uma situação dessas faria: registrou um boletim de ocorrência e, depois, acionou a plataforma Consumidor.gov para exigir o cancelamento imediato da linha. Além disso, ele pediu a preservação de provas e queria saber todos os detalhes da contratação — desde o contrato até a localização de quem atendeu a ligação.
A Vivo respondeu oficialmente reconhecendo que houve uma “ativação incorreta do serviço”, cancelou a linha e garantiu que não haveria cobranças. Mas aqui vem o problema: a operadora não forneceu as informações que o usuário solicitou, como o contrato, o canal onde a linha foi vendida e os dados técnicos que ajudariam a entender como tudo aconteceu. Ao não entregar essas informações, a Vivo acaba dificultando a investigação sobre a fraude e quem realmente ativou a linha.
Esse tipo de postura só alimenta o golpe do “falso advogado”. Sem as informações necessárias, é difícil rastrear o caminho do crime — quem ativou a linha e como o chip foi utilizado. O que preocupa ainda mais é que os golpistas têm conseguido obter dados pessoais, muitas vezes encontrados em processos judiciais. Com essas informações, eles abrem linhas em nome de outras pessoas e usam vídeo-chamadas para exigir códigos e senhas em tempo real.
Especialistas recomendam que, em casos assim, a operadora deve fornecer rapidamente um dossiê técnico sobre a habilitação da linha, mesmo que algumas informações sejam mascaradas. O ideal é ter um ponto de contato claro para garantir que as evidências sejam bem cuidadas. Sem isso, a vítima fica desassistida e o ciclo de estelionato continua, com os criminosos se sentindo cada vez mais à vontade.
Enquanto essa situação não melhora, o conselho é claro: não compartilhe tela nem códigos. Sempre confirme qualquer contato diretamente com o advogado verdadeiro, usando canais conhecidos. Também é importante registrar um boletim de ocorrência incluindo prints do aplicativo e qualquer conversa ou gravação que possa ajudar. E, claro, solicitar às autoridades que peçam os logs à Vivo e a outras plataformas de mensagens. O caso ainda está em andamento, e novas ações estão sendo esperadas.



