Itajaí e Região

Gargalo na BR-101 em SC provoca caos e mortes

O trecho de 40 km entre Itajaí e Itapema, em Santa Catarina, tem se tornado um verdadeiro pesadelo para quem transita pela BR-101. Este trecho, que a princípio parece ser só uma continuação da rodovia, acaba se transformando numa espécie de avenida urbana, com um trânsito caótico e um alarmante aumento de acidentes — só nos primeiros sete meses de 2025, já ocorreram 20 mortes. Um cenário muito pior do que os 26 acidentes fatais registrados durante todo o ano anterior.

Esses números representam um desafio significativo para as autoridades e os líderes locais, já que a rodovia está totalmente sobrecarregada. O inspetor Adriano Fiamoncini, da PRF em Santa Catarina, enfatiza a gravidade da situação: "É muito perigoso para apenas 40 km de estrada. O número de veículos é excessivo para a infraestrutura disponível."

Claro, quando você atravessa cidades movimentadas como Itajaí, Balneário Camboriú e Itapema, dá para sentir que a situação não é de estrada, mas sim de um intenso trânsito urbano. A comparação é inevitável: antes, a Grande Florianópolis era o ponto crítico da BR-101, mas desde a inauguração do contorno viário, esse "status" passou para o trecho entre Itapema e Itajaí. Uma mudança que deu um alívio a Florianópolis, mas trouxe novos desafios para o Litoral Norte.

Caos Urbanístico na Estrada

O dia a dia dos motoristas nessa região é marcado por interrupções constantes. O crescimento urbano tem “engolido” a rodovia, que agora atende mais ao comércio local do que ao tráfego de passagem. Isso se reflete em um número elevado de acidentes e uma sensação constante de insegurança.

"Agora, o gargalo se chama Itapema, Balneário Camboriú e Itajaí," completa Fiamoncini. "A mesma situação de caos que vivíamos na Grande Florianópolis agora se repete aqui. Temos um fluxo intenso de famílias, ciclistas e motoristas, todos compartilhando a mesma via."

Os Números Falam

Os números comprovam essa transformação. No primeiro semestre de 2025, o número de acidentes neste novo gargalo ultrapassou os registrados na BR-101 Sul, que é cinco vezes maior em extensão. Por exemplo, de janeiro até julho, já ocorreram 552 acidentes e 575 feridos nesta pequena faixa de estrada. Já no trecho Sul, o número de acidentes foi bem menor.

Dados entre Itajaí e Itapema (40 km):

  • 2024:
    • Acidentes: 1.080
    • Feridos: 1.121
    • Mortos: 26
  • Janeiro a julho de 2025:
    • Acidentes: 552
    • Feridos: 575
    • Mortos: 20

BR-101: Um Shopping a Céu Aberto

Nesta nova realidade, a BR-101 se tornar mais parecida com um "shopping a céu aberto". As principais causas dos acidentes estão ligadas à falta de atenção dos motoristas e à dificuldade de transitar entre as pistas. A mistura do trânsito local com os veículos de passagem tem aumentado a probabilidade de engavetamentos e acidentes.

Fiamoncini critica a falta de planejamento urbano ao longo da rodovia. Em muitos países, os comércios não são instalados à beira da estrada, obrigando motoristas a percorrer um trecho a pé para chegar aos estabelecimentos. No Brasil, não. Os comércios se proliferam ao longo da BR-101, atraindo motoristas que não estão apenas transitando, mas buscando fazer compras ou sair.

Esse problema se agrava com a presença de pontos críticos em bairros, que tornam a rodovia não apenas uma via de passagem, mas um local de intenso movimento comercial.

Enquanto os moradores da região lidam com esse trânsito complicado, fica evidente que a BR-101 precisará de soluções mais eficazes e um planejamento adequado. Os motoristas merecem uma estrada que, além de rodovia, funcione como um espaço seguro e eficiente para todos que nela circulam.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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