Figuras mascaradas intrigam banhistas em Balneário Camboriú
Quem esteve na Praia Central de Balneário Camboriú no último domingo (30) levou um susto e tanto. De repente, figuras encapuzadas começaram a correr pela orla, cobertas com folhas e trapos escuros, usando máscaras bem rústicas. As redes sociais surtaram! Teorias não faltaram, que iam desde uma performance artística até um suposto “ritual satânico”.
Mas calma, a história é muito mais simples! Essas pessoas que chamaram atenção eram do grupo Pelznickel, uma tradição que vem de Guabiruba, aqui pertinho, no Vale do Itajaí. Cerca de 25 integrantes estiveram na praia para divulgar essa manifestação cultural durante o período do Advento, uma época de preparação para o Natal.
A lenda do Pelznickel
Em Guabiruba, a tradição conta que o Pelznickel é uma criatura que sai das florestas nos dias 6 e 24 de dezembro para “dar uma lição” nas crianças que não se comportam. Mas calma, não é nada violento! A intenção é provocar reflexão sobre as atitudes e incentivar mudanças no ano seguinte.
Os trajes dos participantes são marcantes e chamativos, incluindo:
– Folhas, barba-de-velho ou trapos escuros
– Chifres e máscaras rústicas
– Correntes, chicotes ou varas
A lenda diz que São Nicolau, ao visitar casas levando doces, encontrava crianças travessas e pedia ajuda a “moribundos” além da cidade, que assustavam os pequenos. Juntos, eles criaram a figura do Pelznickel, que ganhou um ar mais sombrio ao longo dos séculos.
E o nome? Tem uma história interessante! “Pelz” significa pelagem, pelos, e “Nickel” é um diminutivo de Nicolau. Assim, estaria falando de um “Nicolau peludo”, uma versão antiga das figuras mais modernas do Papai Noel.
A Sociedade do Pelznickel
Fundada em 2005, a Sociedade do Pelznickel reúne mais de 80 pessoas apaixonadas por preservar esta tradição rara no Brasil. O grupo está sempre envolvido em pesquisas, apresentações e atividades educativas em escolas, mantendo vivas as raízes germânicas que os colonizadores trouxeram para o Vale do Itajaí.
Além disso, essa manifestação cultural já chamou a atenção de produtora de audiovisual e costuma fazer parte da programação de eventos locais no fim do ano.
Por que estavam na praia de BC?
Os organizadores explicaram que a corrida pela orla foi uma ação cultural para divulgar a tradição durante o Advento, aproveitando o grande fluxo de visitantes na cidade. Como muitos não conhecem o costume, a aparência peculiar — com chifres, máscaras e correntes — surpreendeu bastante o público e acabou gerando algumas interpretações erradas.
A repercussão nas redes sociais ajudou a propagar as especulações, mas, por sorte, não houve incidente algum ou chamada para a segurança. No fim das contas, foi apenas a apresentação de uma manifestação folclórica que faz parte de uma das expressões germânicas mais antigas e únicas do Sul do Brasil.



