A recente decisão da Prefeitura de Balneário Camboriú de proibir a prática do naturismo na Praia do Pinho reacendeu um debate relevante, especialmente em torno dos conceitos de nudismo e naturismo. Muita gente confunde esses termos, mas, na verdade, eles têm significados diferentes.
A Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) deixou claro que o naturismo é mais do que simplesmente tirar a roupa. Trata-se de um movimento organizado, que envolve princípios como respeito mútuo, convivência social e preservação do meio ambiente. Não é à toa que a federação definiu o naturismo como uma prática que ocorre em espaços específicos, com regras e normas, ao passo que o nudismo é mais sobre estar nu em qualquer lugar, sem a mesma estrutura social.
Sobre a questão da segurança, a FBrN também fez questão de desassociar a prática do naturismo de comportamentos ilegais. Para a federação, as infrações são problemas a serem tratados com fiscalização e punições, e não com o banimento de uma atividade que tem reconhecimento mundial.
A polêmica ganhou força com a retirada do naturismo do novo Plano Diretor da cidade. A Praia do Pinho é considerada a primeira praia oficial de naturismo do Brasil e começou a ganhar destaque na década de 1980, ainda quando era uma praia isolada. Aos poucos, pequenos grupos começaram a adotar a nudez como uma forma de expressão e filosofia de vida.
A virada ocorreu em 1984, quando uma reportagem de uma famosa revista deu visibilidade ao local, atraindo visitantes de todo o país. Porém, essa notoriedade também trouxe conflitos. Os moradores e proprietários da área, preocupados com a situação, foram forçados a se opor à prática, culminando em ações repressivas que resultaram na prisão de naturistas em 1986. Em resposta, foi fundada a Associação Amigos da Praia do Pinho (AAPP), que ajudou a estabelecer um código de conduta e lutou pelo reconhecimento oficial do espaço.
O campeão de relevância veio em 2006, quando a praia foi oficialmente designada como área para naturismo, possibilitando o desenvolvimento de uma infraestrutura de turismo voltada ao público naturista. Atualmente, o local conta com pousadas, campings e serviços especializados, todos operados pelo Complexo Turístico Praia do Pinho LTDA.
Agora, quase quatro décadas depois do início dessa história, o novo Plano Diretor não contempla mais nenhuma praia da cidade para a prática do naturismo. A justificativa da prefeitura é que a Praia do Pinho, ao longo dos anos, teria se desviado de seu propósito original, sendo utilizada para atividades ilícitas que afetaram até praias vizinhas.
A prefeita Juliana Pavan defendeu que a mudança é uma medida necessária para garantir a segurança e a ordem, não só para os moradores, mas também para os visitantes e o meio ambiente. Essa decisão, segundo o município, foi discutida amplamente em consultas públicas com a comunidade local e grupos de segurança.
