Criança com 70% do corpo queimado por pipa chama atenção em SC
Nos últimos tempos, o uso de cerol nas pipas tem gerado bastante discussão sobre os perigos e as leis que cercam essa prática. Um caso recente chamou atenção em Itajaí e abriu os olhos para os riscos que muitas vezes ignoramos.
A imagem de uma pipa voando é sinônimo de diversão na infância. Mas para a família do pequeno Fernando, de 8 anos, essa imagem traz lembranças tristes. Em março, ele sofreu uma descarga elétrica ao tocar em um fio de alta tensão que havia caído na rua, tudo por causa de uma linha de pipa que atingiu a fiação. A mãe, Eliane, conta que o encontrou no chão, com fumaça saindo de seu corpo. Desesperador, não?
Fernando estava soltando pipa na vizinhança com outras crianças, quando o acidente ocorreu. Apesar de não saber quem soltava as pipas naquela hora, o pai, Frankin, ouviu o que aconteceu e percebeu que o ambiente estava perigoso. A luta pela recuperação começou no hospital, onde ficou internado por mais de 3 meses. O garoto, que é considerado um milagre por seu pai, teve 70% do corpo queimado e passou por 18 cirurgias para tratar das feridas.
Celebrar o aniversário de 9 anos no hospital é uma marca de resiliência. Agora em casa, Fernando ainda enfrenta o desafio de passar por mais cirurgias plásticas, inclusive para reconstruir uma parte da orelha que perdeu no acidente.
### Pipa e Fiação: Um Problema que Cresce
O acidente de Fernando não é um caso isolado. Soltar pipas em áreas urbanas traz muitos riscos. Na região de Itajaí, essa prática é uma das principais causas de quedas de energia. O gerente regional da Celesc, Pedro Molleri, explica que a fiação, que em sua maioria é de alumínio, pode ser danificada por linhas de pipa, criando situações perigosas quando o vento ou a temperatura mudam. Em Itajaí, 33% das interrupções de luz nos bairros São Vicente e Cidade Nova são causadas por pipas.
Essa realidade não é apenas local: cidades vizinhas também enfrentam o problema. O uso de materiais como cerol e linha chilena, que contêm óxido de alumínio, acentua os riscos, pois fragilizam a fiação.
Ainda mais alarmante é o fato de que a rede elétrica na região suporta circuitos de até 23.000 Volts. Ou seja, mesmo estando a uma certa distância, é possível sofrer um choque.
Infelizmente, acidentes fatais também ocorreram. Em março, um jovem motociclista em Navegantes perdeu a vida por causa de uma linha com cerol.
### Conscientização é Fundamental
Diante dessa situação, foi criada uma lei em Itajaí que proíbe soltar pipas a menos de 500 metros de qualquer rede elétrica e em áreas de grande movimento. A Guarda Municipal será responsável pela fiscalização, tornando a prática de soltar pipas bem mais difícil no perímetro urbano. Além disso, a prefeitura pretende criar espaços seguros para que as crianças possam brincar sem encontrar perigos.
Contudo, ainda é comum ver pessoas soltando pipas próximas às fiações e escolas. Para mudar essa mentalidade, projetos como o “Celesc nas Escolas” são essenciais. Essa iniciativa educa os alunos sobre os riscos da rede elétrica de forma divertida e interativa.
Bernardo, de 9 anos, é um dos participantes. Ele aprendeu que “não é para soltar pipa perto dos fios, nem usar cerol”. Essa mudança de comportamento é importante e pode realmente salvar vidas, evitando que a diversão não se torne uma tragédia.