Corretor preso em SC usava esquema de pirâmide
Um corretor de imóveis, que foi preso recentemente em Itapema, no litoral norte de Santa Catarina, está no centro de uma investigação por um esquema fraudulento que mexeu com o bolso de muitas pessoas. O problema é grande, mais de R$ 20 milhões em prejuízos e pelo menos 119 vítimas já identificadas.
O tal corretor atuava por meio de uma imobiliária registrada em Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. Ele fazia contratos de locação, captando cauções e aluguéis antecipados, mas o que aconteceu foi muito diferente do que se esperava: os valores não eram repassados aos proprietários e nem devolvidos aos inquilinos. Isso deixou muita gente, inclusive idosos, sem dinheiro que contavam como parte de suas aposentadorias.
Segundo a investigação, mais de 600 contratos de locação sob a responsabilidade dele estão envolvidos. O corretor teria feito com que muitas pessoas ficassem sem aquele pagamento, sempre alegando que as cauções, que, na verdade, são garantias contra inadimplência, iam direto para o seu bolso. Primeiro ele pegava o adiantamento e, depois, ficava com os aluguéis também.
### Como o esquema funcionava
O que mais chama atenção é que o corretor também estava se apropriando de comissões de corretagem. Ele desviava recursos da própria imobiliária para seu benefício pessoal. A Polícia Civil o caracteriza como alguém que criou um esquema de pirâmide financeira, onde o dinheiro de novos contratos era usado para pagar compromissos antigos. Mas, como não tinha como manter essa estrutura, o esquema acabou desmoronando.
### Um caso devastador
Um exemplo que ilustra bem a situação é a venda de uma casa de alto padrão por R$ 1,4 milhão. O corretor fez um contrato de compra e venda sabendo que o imóvel já estava alienado a um banco. A vítima, claro, ficou com um prejuízo enorme. O delegado enfatizou que o corretor tinha ciência de que não poderia regularizar a situação, pois não tinha fundos para isso.
### Novo começo em Itapema
Após o colapso de seu esquema, o corretor tentou recomeçar em Itapema. Ele queria se reinserir no mercado imobiliário local e até planejava transferir seu registro no Creci para Santa Catarina, mas não chegou a terminar esse processo. Mesmo com todas essas vítimas e processos legais a caminho, ele levava uma vida de luxo, como se nada estivesse acontecendo, promovendo-se como um profissional de confiança na internet.
A investigação, que está nas mãos da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, conta com apoio da Delegacia de Itapema, já que muitas das fraudes aconteceram por lá.
### Defesa do corretor
O advogado do corretor tem uma versão bem diferente da história. Ele afirma que o suposto prejuízo não passa de R$ 2 milhões e acredita que o problema da venda da casa pode ser resolvido em breve. Ele também tenta justificar que, mesmo com a inadimplência, a imobiliária do réu garantia pagamentos aos proprietários, algo que, segundo ele, complicou a situação.
A defesa ainda destaca que já há um habeas corpus sendo analisado. Contudo, o delegado confirmou que esse pedido já foi negado. Quanto aos documentos usados para atuar em Santa Catarina, a defesa nega que sejam falsos, afirmando que o corretor estava em processo de regularização. Mas o Creci de Santa Catarina afirma que não há registro dele como corretor no estado.
Essa história é um alerta para todos nós, sobre os riscos que existem em relações de confiança e a importância de uma fiscalização rigorosa no setor imobiliário.