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Concertos precisam ser tão altos a ponto de exigir protetores?

Na cena musical atual, a experiência de frequentar shows e festas é frequentemente marcada pelo alto volume das músicas. Um exemplo disso é o relato de Benjamin Schurr, que toca contrabaixo na banda Song People. Ele se recorda de um show em uma casa punk em Washington D.C., onde as recomendações para o uso de protetores auriculares não foram suficientes. Após o evento, Benjamin percebeu que havia sofrido danos permanentes na audição do ouvido direito, resultado da intensidade do som.

Esse tipo de experiência não é único e serve como um alerta para os frequentadores de concertos. Especialistas, como audiologistas e profissionais de casas de show, recomendam o uso de protetores auriculares. Isso se deve a alguns fatores, conforme explica Sean Svadlenak, gerente de produção de um famoso espaço musical independente, o MilkBoy, em Filadélfia. Ele comenta que, nos shows, os diferentes instrumentos e vozes precisam competir entre si, exigindo um volume que supera outros sons. Por exemplo, a voz de um cantor deve se fazer ouvir acima da bateria, que é uma das partes mais barulhentas da banda.

Ademais, muitas pessoas gostam desse volume elevado. Anna Reed, gerente do MilkBoy e fã de música metal, expressa que, para ela, a intensidade do som oferece uma sensação de relaxamento. “Quando a música está alta, você não consegue ouvir seus próprios pensamentos, o que ajuda a apagar preocupações e tristezas”, comenta.

Um estudo de 2017 do professor de audiologia David Welch, da Universidade de Auckland, investigou por que tantos apreciam a música alta. Ele entrevistou frequentadores e funcionários de casas noturnas e concluiu que a associação entre sons altos e momentos de diversão é aprendida ao longo do tempo, semelhante ao que fez o fisiologista russo Ivan Pavlov ao condicionar cães a associar o som de um sino com comida. Welch aponta que, como frequentemente ouvimos música alta em festas e encontros sociais, esse volume se torna parte da expectativa de diversão e celebração.

Por isso, o que pode parecer um simples gosto musical se transforma em uma experiência sensorial que, embora emocionante, pode trazer riscos irreversíveis para a audição. A conscientização sobre os perigos do barulho elevado é fundamental para quem frequenta esses ambientes, garantindo que o prazer pela música não custe a saúde auditiva.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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