Apartamentos ‘isca’ usados em golpe milionário em SC
Um golpe imobiliário em Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina, está sendo investigado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Este esquema teria lesado várias vítimas em cerca de R$ 90 milhões, através da venda ilegal de apartamentos, sem respeitar os prazos de entrega prometidos.
A principal “isca” utilizada foi o Residencial Colline, que estava sendo promovido no bairro Várzea. Segundo as denúncias, as construtoras envolvidas venderam imóveis sem as exigências legais básicas. Um dos pontos críticos foi a falta de registro de incorporação imobiliária e o atraso na construção, além da má destinação dos valores arrecadados.
O Empreendimento “Isca”
O Residencial Colline foi anunciado pela BFabbriani Incorporadora, uma das empresas investigadas. A promessa incluía a construção de três torres: uma com 75 apartamentos e duas outras com 90 cada, totalizando um bom número de unidades. E mais: o projeto incluía uma área comercial com 14 lojas no térreo.
Nas palavras do site da construtora, “O Colline leva seu nome por estar perto de uma colina, em uma área bem tranquila e cheia de verde.” As opções de apartamentos oferecidas eram variadas: duas suítes ou três dormitórios, com metragens que variavam de 69,46 m² a 69,98 m². Todos os apartamentos vinham com sacada, churrasqueira e box de garagem.
Além disso, cada torre teria um espaço de lazer com salão de festas, sala de jogos, espaço fitness e até piscina. Para ter um desses imóveis, o interessado teria que investir, no mínimo, R$ 700 mil.
A entrega das duas primeiras torres estava prevista para dezembro de 2026, mas, conforme imagens do Google Street View feitas em julho deste ano, não havia sinal de obras no local.
A Cartinha Curiosa
Curiosamente, o site do empreendimento informa que o prazo de entrega dado é estimativa, e ainda complementa: “Estamos 100% comprometidos com o prazo de entrega do empreendimento dentro dos termos estabelecidos em contrato e em conformidade com a legislação aplicável.” Um aviso que, sem dúvida, deixa dúvidas.
Operação Black Flow
Recentemente, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) realizou uma operação chamada “Black Flow”, cumprindo 28 mandados de busca e apreensão e 4 mandados de prisão preventiva em cidades de Santa Catarina, além do Rio de Janeiro e São Paulo.
As investigações apontam que um grupo econômico, composto por sete empresas principais e uma holding nos Estados Unidos, é suspeito de praticar organização criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular. O MPSC revelou que o esquema envolvia o lançamento de empreendimentos por meio de Sociedades de Propósito Específico (SPEs) e a venda das unidades sem o devido registro de incorporação, lesando 168 consumidores apenas em um empreendimento.
Tentamos contato com a BFabbriani Incorporadora, mas ainda não obtivemos resposta até a publicação deste texto. O espaço permanece aberto para qualquer esclarecimento.