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A noite sempre chega: crítica sobre filme com Vanessa Kirby

Em 2014, a atriz Marion Cotillard foi indicada ao Oscar por sua atuação no filme belga Dois Dias, Uma Noite. Dirigido pelos renomados irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne, o filme retrata o desespero de Sandra, uma funcionária de uma fábrica de painéis solares, que tem apenas um fim de semana para convencer seus colegas a abrir mão de um bônus que garante sua demissão. Com uma abordagem realista, o longa destaca a precariedade do mercado de trabalho atual e a intensidade emocional vivida por Sandra.

Recentemente, o filme A Noite Sempre Chega, disponível na Netflix, traz uma versão semelhante da história, inspirada no livro de Willy Vlautin. Neste novo longa, Lynette, interpretada por Vanessa Kirby, precisa atravessar Portland, nos Estados Unidos, em uma única noite para conseguir o dinheiro que garantirá a manutenção de sua casa. Ela enfrenta o desafio de reunir 25 mil dólares rapidamente, refletindo a insegurança financeira que muitas pessoas vivem no século XXI.

Embora ambos os filmes explorem temas de vulnerabilidade econômica, A Noite Sempre Chega adota um estilo mais direto e acessível ao público norte-americano. O roteiro, escrito por Sarah Conradt, rapidamente coloca Lynette em situações extremas, gerando um suspense mais intenso. No entanto, essa abordagem pode fazer com que o espectador sinta menos empatia por sua situação, já que as adversidades enfrentadas por Lynette tornam-se mais previsíveis.

O filme, dirigido por Benjamin Caron, conhecido por seu trabalho em The Crown, é um thriller que destaca a cidade de Portland com uma estética noturna elegante. A direção traça um retrato visual impactante da cidade, mas a narrativa parece dar menos atenção ao aprofundamento dos personagens e à realidade das dificuldades que enfrentam. A habilidade dos atores é, portanto, crucial para transmitir a emoção e a verossimilhança da história.

Vanessa Kirby se destaca novamente, mostrando sua capacidade de carregar um filme nas costas. Sua atuação é intensa e emocionante, mantendo o público conectado à sua jornada. A atriz consegue transmitir a complexidade de sua personagem, Lynette, que se encontra em uma situação desesperadora. Outros atores, como Stephan James, que também vive momentos de miséria em seu trabalho recente, ajudam a sustentar a tensão dramática do filme.

No geral, A Noite Sempre Chega é um thriller que evidencia o contexto social contemporâneo, mas sua construção narrativa pode perder um pouco do impacto emocional em comparação com sua inspiração original. A performance dos atores é essencial para manter a narrativa de pé e transformar a tensão do suspense em um drama mais palpável e humano.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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