Itapema

Denúncia de abusos em clínica de reabilitação em SC

Cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por sérias violações de direitos humanos em uma clínica de reabilitação em Itapoá, no Litoral Norte. A denúncia, tornada pública na última sexta-feira (19), inclui acusações de organização criminosa, tortura, sequestro e cárcere privado qualificado.

A história começou em maio, quando o MPSC recebeu uma denúncia alarmante. Uma pessoa teria sido retirada à força de sua casa em Itapema e levada para essa clínica. Lá, ela foi pressionada a assinar um termo de internação “voluntária”, uma prática nada comum e muito preocupante.

Após a interdição da clínica em Itapema, os pacientes foram transferidos para uma unidade em Itapoá. Isso acionou investigações que revelaram uma série de práticas ilegais que estavam acontecendo ali.

Clínica em Itapoá mantinha cerca de 30 pessoas em状 奴隷

Durante a Operação Liberdade, com suporte da Vigilância Sanitária e da Polícia Militar, cerca de 30 pessoas foram encontradas na clínica, mantidas contra a sua vontade. Os relatos dos internos foram chocantes. Eles falaram sobre torturas físicas e psicológicas, uso de medicamentos sem supervisão médica, e uma vigilância constante que impedia qualquer forma de comunicação com o mundo exterior. Além disso, havia indícios de trabalho não remunerado e intimidantes cobranças de mensalidade.

A clínica, que operava sem alvará de funcionamento, não tinha uma equipe de profissionais qualificados e utilizava monitores sem a devida formação para administrar medicamentos controlados.

Conexões com organização criminosa

Com o avanço das investigações, a 39ª Promotoria de Justiça da Comarca da Capital apresentou denúncias contra cinco indivíduos ligados à clínica. Desses, quatro estão presos e um está foragido. A denúncia revela que esses envolvidos formavam uma organização criminosa estruturada, com divisão de responsabilidades e o claro objetivo de lucrar em cima dos vulneráveis. Além de suas atividades em Santa Catarina, o grupo também operava no Paraná.

As acusações incluem não apenas sequestro e cárcere privado, mas também tortura — caracterizada por agressões físicas, ameaças e o uso abusivo de medicamentos psicoativos. Isso tudo deixou muitos em situação de total desamparo.

A ação ainda não foi recebida pela Justiça. Assim que isso acontecer, os denunciados se tornarão réus. O MPSC também requisitou uma indenização de pelo menos R$ 2,1 milhões, o que equivale a R$ 100 mil por cada uma das 21 vítimas já identificadas nesse triste cenário.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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