Itapema

Lobo do Batel afirma que PMs solicitaram propina de R$ 500 mil

Dois policiais militares de Itapema estão no centro de uma investigação que envolve uma suposta extorsão. O caso ganhou destaque após o estelionatário José Oswaldo Dell’Agnolo, conhecido como “Lobo do Batel”, denunciar que os PMs pediram R$ 500 mil para não prenderem ele, horas antes de sua detenção.

Documentos e depoimentos coletados pela NDTV RECORD revelam que os cabos Bruno Czerwonka e Milton dos Santos Júnior foram até um hotel de luxo onde o foragido estava hospedado. Mesmo com um mandado de prisão ativo há quase duas semanas, eles teriam deixado o local sem realizar a prisão, o que gerou a investigação. Ambos, que eram vistos como exemplos dentro da corporação e recebiam honrarias por seus serviços, agora enfrentam acusações sérias e estão presos enquanto a Corregedoria apura os fatos.

### A abordagem suspeita

A situação foi descoberta depois que uma ligação anônima para o 190 alertou sobre a presença de um foragido no hotel. O denunciante afirmou que o hóspede, que estava hospedado em um quarto que custava mais de R$ 1,3 mil a diária, usava um nome falso e tinha um alerta no sistema. O aviso dizia que ele se passava por Marcos Silva, mas seu nome verdadeiro era José Oswaldo.

Pelas informações, por volta das 8h da manhã, os policiais chegaram ao hotel, coletaram informações e pediram uma chave do quarto. Eles subiram sozinhos, sem ninguém do hotel para acompanhá-los. Trinta minutos depois, saiu do hotel sem levar o foragido.

### O relato do “Lobo do Batel”

José Oswaldo contou à Corregedoria que acordou com os policiais entrando no seu quarto. Em seu depoimento, ele mencionou que um dos PMs perguntou quanto valia sua liberdade. Ele respondeu R$ 500 mil, e segundo ele, o policial simplesmente confirmou, perguntando onde estava o dinheiro. Assustado e desconfiado, José desceu até a recepção para checar a legalidade da ação. Confirmado que não havia mandado registrado, ele voltou ao quarto e esperou a chegada de outra equipe da PM, que finalmente cumpriu o mandado às 17h.

### A prisão oficial e mistério do dinheiro

Na abordagem da tarde, não houve nenhuma negociação. José Oswaldo foi preso, e junto a ele, a polícia encontrou R$ 5 milhões em dólares, além de outros bens. Contudo, o valor da suposta extorsão, R$ 500 mil, ainda não apareceu nas investigações. Há ainda suspeitas de que um dos PMs tenha encontrado um local para esconder esse dinheiro após a abordagem, mas isso precisa ser confirmado.

### O golpe de “Lobo do Batel”

Além da investigação sobre os policiais, a Polícia Federal está apurando o esquema fraudulento de José Oswaldo. Ele é acusado de ter liderado um golpe que fez com que a sua empresa, a The Boss, desaparecesse com quase R$ 1 bilhão de investidores. O uso de um banco sem autorização e outras empresas de fachada para encobrir o fluxo de dinheiro também estão sendo investigados, envolvendo outras dez pessoas.

### Situação atual

José Oswaldo, o “Lobo do Batel”, se encontra preso no Complexo Penitenciário de Itajaí. A PF informou que ele não precisa ser transferido para Curitiba e prestará depoimento por videoconferência. Enquanto isso, os dois PMs seguem detidos, com a investigação analisando se eles realmente tentaram obter algum tipo de vantagem financeira durante sua abordagem.

A situação vem levantando muitas discussões sobre condução policial e ética, temas sempre relevantes em nossas conversas do dia a dia.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo