Bastidores do filme com Pires e Susana são revelados
O Papito Talks bateu um papo super bacana com Susana Kozechen, tia de Jesse Koz, e o amigo de longa data Felipe Pires. Eles falaram sobre o filme “Minha Vida com Shurastey”, que está sendo gravado agora e vai contar a história de um jovem de Balneário Camboriú. Em 2017, Jesse deixou seu emprego em um shopping e, junto com seu golden retriever Shurastey, decidiu cruzar as Américas a bordo de um Fusca 78, o Dodongo. O filme é dirigido por Diego Freitas, com Nicolas Prattes no papel principal e previsão de estreia para 2026, tudo com a parceria da Warner Bros. Discovery e distribuição da Paris Filmes.
Jesse não foi apenas um personagem de cinema. Ele realmente rodou cerca de 80 mil quilômetros por 17 países antes do trágico acidente em Oregon, em maio de 2022, que também levou a vida de Shurastey. Durante o podcast, Susana e Felipe expressaram seu papel como guardiões da memória de Jesse e explicaram até onde podem influenciar o que vai para as telonas.
Uma das coisas que Susana deixou bem clara é que a família não tem o poder de “aprovar ou reprovar” a produção. Ela sente a responsabilidade de garantir que a essência do que Jesse queria seja mantida. “Eu não tenho direito de negar isso pra ele”, lembrou, referindo-se ao desejo do sobrinho de que sua jornada fosse narrada. Afinal, ele sempre sonhou em tornar sua experiência uma história para ser contada.
Felipe revelou que a ideia de transformar a viagem em um livro, filme, documentário e palestras surgiu bem no início da jornada. Com apenas 50 dias de viagem e pouco mais de 10 mil seguidores, eles já estavam cogitando esses novos projetos, enquanto Jesse reagia descontraidamente, dizendo que ninguém se interessaria por aquilo.
Dois dias após a morte de Jesse, a Paris Filmes entrou em contato com Felipe para falar sobre a adaptação. Ele pediu um tempo por conta do luto e da burocracia para trazer o corpo e Shurastey de volta. Nesse período, surgiram rumores sobre a Netflix estar fazendo um filme, mas Felipe contou que nada disso era confirmado e que as negociações reais eram confidenciais com a Paris.
### Limites da Licença Poética
Ao conversarem sobre a adaptação para o filme, Felipe e Susana reconhecem que não é possível resumir cinco anos de viagem em duas horas sem fazer algumas adaptações criativas. Segundo Felipe, eles falam em “aglutinamento de acontecimentos”, ou seja, vai ter um certo grau de liberdade artística. No entanto, existem algumas coisas que eles não abrem mão. Por exemplo, Felipe destacou que Jesse nunca usou drogas. Transformar o personagem em um estereótipo de viajante maconheiro seria desrespeitoso e distorceria a memória dele.
Susana reforçou a importância de manter a essência do Jesse, sem querer ver o “Jesse real” nas telas, mas reconhecendo a moral e o jeito que ele tinha de se relacionar com as pessoas e com o Shurastey. Cenas como a chegada a Ushuaia e a travessia para os Estados Unidos estão entre as que eles consideram essenciais, embora não possam compartilhar o enredo completo.
### “Não é um Filme de Terror”
Uma preocupação comum das pessoas é como o filme vai abordar o acidente, especialmente o sofrimento do Shurastey. Felipe foi claro ao dizer: “Não é um filme de terror, não vai ter sangue de cachorro”. Para ele, quem pensa em não assistir por causa do desfecho não entendeu a mensagem que Jesse sempre quis passar, que vai além do final trágico e fala sobre a coragem de mudar a própria vida.
Susana mencionou que estava apreensiva com o diretor Diego Freitas, mas ficou tranquila após assistir ao seu trabalho anterior, “Caramelo”, que retrata de forma sensível a amizade entre humanos e cães.
### Detalhes que Contam
O cuidado com os detalhes está muito presente, especialmente na forma como a produção está consultando Felipe sobre o personagem que leva seu nome. Inicialmente, o roteiro tinha outros nomes, mas Felipe pediu que o seu próprio fosse mantido. O ator que vai interpretá-lo, João Cortês, tem trabalhado em cada detalhe, até reproduzindo as tatuagens de Felipe.
Felipe também está em contato direto com Nicolas Prattes, o ator que faz Jesse, explicando como ele se comportava, suas manias e jeitos de agir.
### Discussões sobre Números
Susana e Felipe também levantaram críticas sobre informações divulgadas por autoridades. Por exemplo, é mencionado que 80% do filme seria filmado em Santa Catarina, mas eles acham esse número exagerado, dado que a maior parte da viagem foi feita fora do estado.
### Desafios da Estrada
Quando falam do impacto inspirador que o filme pode ter, os dois se lembram dos perrengues que Jesse enfrentou. Felipe descreve o começo da jornada como “um pouco insano”, e Susana menciona o frio, medo e até dengue que Jesse pegou no Nordeste, coisas que ele não postou nas redes sociais.
E as exigências para levar Shurastey com ele pela América do Sul? Eram muitas! Cada país tinha suas regras, exigindo documentação, vacinas e laudos que davam permissão para que o cachorro viajasse com Jesse.
### Promessas e Legados
No final do episódio, Susana compartilhou o destino das cinzas de Jesse. Ela se lembrou de uma conversa em que ambos decidiram que queriam ser cremados. Metade das cinzas dele foi dispersa em Ushuaia, e a outra metade será levada para o Alasca em uma futura viagem.
Felipe comentou que não gostou do título do filme, acreditando que poderia ser mais interessante usar palavras inspiradas em franquias famosas. No entanto, ele aceitou a decisão da produtora.
Susana continua focada na mensagem que Jesse sempre quis passar, que é sobre não esperar as oportunidades chegarem, mas sim tomá-las para si. Eles enfatizam que acompanham o desenvolvimento do filme e pretendem garantir que a essência do verdadeiro Jesse não se perca nessa linda história que se desenha nas telonas.



