Aumento do vício em apostas no Brasil preocupa psiquiatras
Mais de 10 milhões de brasileiros lidam com comportamentos de risco quando o assunto são as apostas. Este cenário preocupante ganhou destaque em um evento recente em Balneário Camboriú, que discutiu o impacto do vício em jogos de aposta na saúde mental.
A psiquiatra Dra. Alessandra Diehl compartilhou que está recebendo, em média, dois novos pacientes por semana com problemas relacionados a apostas online. Isso ilustra como o vício em jogos vem se tornando uma verdadeira crise de saúde mental no Brasil.
O evento “Não existe bet certa: entre o prazer e a diversão, os impactos dos jogos de aposta na saúde mental” foi realizado pela Clínica Bem Viver de Psiquiatria, uma referência no Litoral Norte de Santa Catarina. Reunindo especialistas, a discussão colocou em pauta a urgência de abordar essa questão.
Vício em bets já atinge mais de 10 milhões de brasileiros
Os dados do Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira revelam que mais de 10 milhões de pessoas apresentam comportamentos de risco em relação a apostas. Especificamente, 2,4% da população apresenta critérios que indicam um transtorno do jogo. A Dra. Diehl, especialista em dependência, aponta que a facilidade de acesso é um dos principais fatores para essa atração pelos jogos.
“As plataformas online tornaram tudo mais acessível, especialmente para os jovens, que estão sempre conectados. Além disso, as recompensas rápidas tornam tudo ainda mais tentador”, explicou a médica.
Quando a diversão vira dependência
Dra. Diehl enfatiza a necessidade de estarmos atentos ao momento em que a diversão se transforma em vício. Um dos primeiros sinais é o tempo excessivo dedicado aos jogos, em detrimento de outras atividades prazerosas. Outro indicativo claro é a “fissura”, que é a vontade incontrolável de apostar. Quando a pessoa se vê impedida, pode até apresentar sintomas de abstinência, como irritabilidade e insônia, e até brigas com familiares.
Os impactos negativos vão além do emocional e podem causar danos econômicos e relacionais, como o divórcio e a depressão. As consequências são reias e pesadas.
Jogos, drogas e transtornos mentais
Os problemas emocionais e sociais decorrentes do vício em apostas costumam estar interligados a outros transtornos de saúde. “Muitas vezes, encontramos casos de depressão, ansiedade e uso de substâncias em conjunto com o vício em apostas. Algumas pessoas se mantêm acordadas jogando, e para isso podem acabar recorrendo a drogas estimulantes, seguidas de consumo de álcool para desacelerar”, destacou a psiquiatra.
Durante o evento, também estava presente Elisabeth Carneiro, uma expert no tema de jogo patológico, que ofereceu uma simulação clínica ao vivo para ilustrar os impactos desse transtorno.
Urgência de políticas públicas e tratamento especializado
Dado esse quadro alarmante, tanto o CEO da Clínica Bem Viver, Átila Leão de Melo, quanto a Dra. Alessandra Diehl chamaram a atenção para a necessidade urgente de capacitação nos serviços de saúde e implementação de políticas públicas voltadas para a prevenção.
Para a psiquiatra, o governo deve priorizar a educação da população, especialmente entre universitários e em instituições de ensino. Além disso, é crucial garantir acesso ao tratamento e promover uma regulamentação rigorosa desse setor. A preocupação é grande, e o caminho para enfrentar essa questão ainda exige muita ação e conscientização.