Brasil limita cruzeiros e perde embarcações na próxima temporada
De novembro a abril, a temporada passada trouxe cruzeiros para várias cidades brasileiras e da América do Sul, alcançando destinos como Itajaí, Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Maceió e Paranaguá.
Os números da temporada 2024/2025 foram surpreendentes: mais de 838 mil pessoas embarcaram, gerando uma movimentação econômica de R$ 5,43 bilhões e arrecadando R$ 577,4 milhões em tributos. Mesmo com esses resultados impressionantes, as perspectivas para a temporada 2025/2026 são preocupantes.
A CLIA Brasil, que representa as empresas do setor, anunciou que na próxima temporada apenas sete navios farão cruzeiros pela costa brasileira, uma queda de dois em relação ao ano anterior. Isso significa que haverá uma redução de quase 20% na oferta de leitos, totalizando cerca de 674,6 mil. As consequências disso podem impactar o econômico e o social em torno do turismo em até 20%.
O presidente da CLIA, Marco Ferraz, demonstrou frustração com essa diminuição. Apesar de não haver falta de interesse do público, ele acredita que existem obstáculos que o Brasil não está conseguindo superar. “Precisamos urgentemente melhorar nossa infraestrutura, reduzir custos portuários e trabalhistas, garantir segurança jurídica e atualizar nossa regulação”, disse Ferraz durante o 7º Fórum CLIA Brasil, realizado em Brasília. Para ele, essas dificuldades tornam o Brasil menos atraente comparado a outros destinos.
### Dificuldades enfrentadas pelo setor de cruzeiros
Ferraz ressaltou que essa redução não afeta apenas o setor dos cruzeiros, mas também as comunidades que dependem do turismo. “Todo mundo sente: os portos, as cidades e até os hóspedes que terão menos opções disponíveis. Embora a última temporada tenha mostrado todo o potencial do setor, sem mudanças estruturais, não conseguiremos manter esse desempenho”, avisou.
Ele também comparou a situação dos cruzeiros com problemas enfrentados em outros setores, como a aviação, que lida com altos custos e regulamentações que não acompanham o mercado internacional. “O Brasil está competindo com destinos vizinhos. As empresas olham para onde há mais competitividade. Se o plano de negócios para o Brasil não se sustentar, perderemos essa oportunidade e isso não pode acontecer”, destacou.
Apesar das más notícias, Marco Ferraz expressou esperança em relação a reuniões recentes com o Ministério de Portos e Aeroportos, que sinalizam uma abertura para discutir soluções viáveis. “É fundamental que o setor público e privado trabalhem juntos. O Brasil tem tudo para se tornar um dos principais destinos de cruzeiros do mundo, mas precisamos criar essas condições. Estamos prontos para fornecer dados e experiências que ajudem a formular políticas sólidas”, completou.
Na última temporada, os cruzeiros movimentaram não só o turismo local, mas também tiveram um impacto significativo nas economias dessas cidades. O gasto médio por passageiro nas cidades de destino foi de R$ 709, enquanto nas cidades de embarque e desembarque foi de R$ 918. Esses valores evidenciam como essa atividade pode ser benéfica para o comércio, hotelaria e serviços da região.
Agora, o desafio é garantir que esses benefícios se mantenham, mesmo com a diminuição esperada para 2025/2026.