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Florianópolis tem gastos superiores às 9 maiores cidades de SC

Florianópolis, com seu pouco mais de 530 mil habitantes, tem se destacado como a cidade que mais gasta com transporte coletivo em Santa Catarina. Os valores repassados ao Consórcio Fênix, responsável pelo serviço de ônibus na capital, superam os gastos das outras nove maiores cidades do estado, mesmo quando somadas. Desde 2016, a prefeitura já injetou impressionantes R$ 687 milhões nesse serviço.

Esse montante faz com que Florianópolis não apenas lidere a lista das 10 maiores cidades catarinenses, mas também fique à frente de Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul. No último ano, Porto Alegre desembolsou R$ 36,5 milhões, bem menos do que os R$ 118,5 milhões que Florianópolis destinou em 2024. A diferença é ainda mais gritante considerando que Porto Alegre tem uma população estimada em 1,4 milhão de moradores.

Comparando com outras cidades, a disparidade em gastos é bem visível. Em 2024, Blumenau, por exemplo, gastou R$ 41,3 milhões, enquanto Florianópolis quase triplicou esse valor. Já em relação a Joinville, a maior cidade do estado, os números mostram que a gente gastou quatro vezes mais.

Custo do transporte coletivo aos cofres de Florianópolis é três vezes maior do que o de Porto Alegre

Nessa comparação com Porto Alegre, a diferença fica ainda mais clara. Afinal, Florianópolis gastou R$ 118,5 milhões em 2024, mais de três vezes o que Porto Alegre aplicou em subsídios. Desde 2016, enquanto Porto Alegre investiu R$ 425 milhões, Florianópolis ficou com aproximadamente R$ 687 milhões, cerca de 60% a mais.

Modelo por fluxo de caixa

O sistema de subsídios da cidade funciona através de um contrato de concessão com o Consórcio Fênix, iniciado em 2014. Nesse modelo, as receitas e despesas são calculadas anualmente para definir a chamada tarifa técnica. A diferença entre essa tarifa e a que é realmente cobrada dos usuários é parcialmente coberta por subsídios. Segundo o secretário Municipal de Infraestrutura, Rafael Hahne, essa diferença é pequena.

Ele destaca que os subsídios servem para custear gratuidades e não apenas para baixar a tarifa. As leis federais, estaduais e municipais garantem esses atendimentos, como para idosos e famílias de baixa renda. Em média, um terço da receita do sistema vem dessas gratuidades, enquanto dois terços são pagos pelos próprios usuários.

O sistema, então, funciona com os valores pagos nas catracas mais os custos operacionais que incluem manutenção e combustíveis. A integração de linhas também gera custos adicionais que vão na conta dos subsídios.

O peso das gratuidades no sistema de transporte coletivo

Atualmente, Florianópolis possui sete tipos de gratuidades e descontos para usuários de ônibus, que impactam diretamente a necessidade de subsídios. Algumas dessas regras vêm de legislações que garantem gratuidade para idosos e pessoas com deficiência, enquanto outras iniciativas locais, como os ônibus do programa Formiguinha para o Maciço do Morro da Cruz, também agregam à conta.

Sistemas diferentes de subsídios podem reduzir o valor da tarifa

No sistema atual, cada despesa do consórcio reflete diretamente no cálculo da tarifa. Bernardo Meyer, professor da UFSC especializado em mobilidade, explica que, em cidades maiores, subsídios podem ajudar a reduzir as tarifas. Ele dá o exemplo do metrô de Paris, que é acessível graças a um investimento robusto em subsídios, permitindo tarifas mais baixas para a população.

Assim, a proposta de um sistema diferente que pudesse gerar subsídios mais altos poderia facilitar o acesso ao transporte coletivo, incentivando ainda mais o seu uso. Essa é uma discussão relevante para Florianópolis, onde a mobilidade urbana continua sendo um tema central nas pautas públicas.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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