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Aumento de preços nos EUA em produtos com novas tarifas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quarta-feira, dia 30 de agosto, uma nova medida que estabelece uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entrarem no país a partir de 6 de agosto. Essa decisão, que gerou expectativa e preocupação nos setores afetados, acompanha uma lista de quase 700 itens que estarão isentos dessa tarifa, trazendo alívio para indústrias como a de suco de laranja e fabricação de aeronaves.

Com essa nova tarifa, cerca de 3,8 mil produtos brasileiros ainda estarão sujeitos à taxa de 50%. Entre eles, estão itens importantes para o comércio entre os dois países, como café e açúcar orgânico. As plantas industriais que dependem dessas exportações estão apreensivas sobre os prejuízos que a tarifa pode causar, incluindo a possibilidade de a venda desses produtos para os EUA se tornar inviável.

Para os consumidores americanos, o impacto das tarifas pode se tornar evidente nos próximos meses. A taxação pode inibir a importação de produtos do Brasil, levando os EUA a aumentar a produção local, buscar novos fornecedores ou, caso nada disso funcione, reduzir a oferta interna. Se a redução de oferta não acompanhar a diminuição da demanda, isso pode resultar em um aumento de preços.

Por outro lado, se a demanda dos consumidores americanos por certos produtos for menos sensível a aumentos de preço, é possível que essas importações continuem, com os custos sendo repassados ao cliente final.

Uma análise feita por pesquisadores de uma universidade americana indicou que, com as tarifas implementadas até aquele momento, a inflação nos EUA poderia aumentar em 1,8% no curto prazo, significando uma perda de aproximadamente US$ 2.400 por casa no ano de 2025.

O café é um dos produtos que pode se tornar mais caro para os consumidores americanos. Os EUA são o maior consumidor de café do mundo, mas a produção interna é limitada, tornando o Brasil o principal fornecedor, responsável por cerca de um terço do que é importado. A Colômbia, o segundo maior exportador, enfrenta tarifas menores, mas não possui produção suficiente para compensar uma possível demanda maior.

Outro produto que deve ser afetado é a manga, com o Brasil sendo o quarto maior fornecedor de frutas para os EUA. A tarifa de 50% pode inviabilizar a exportação e já há relato de cancelamento de pedidos por parte de produtores brasileiros. Assim, se os EUA não encontrarem supridores alternativos, os preços no mercado interno poderão subir.

No setor de carne, o Brasil é o maior exportador, representando 23% das importações americanas. As indústrias americanas, apesar de serem grandes produtoras, podem enfrentar dificuldade em suprir a demanda, o que também pode pressionar os preços para os consumidores. Uma previsão sugere que o preço da carne bovina poderia aumentar em cerca de 1,1% após a implementação da tarifa.

O açúcar orgânico é outro ponto crítico, com os EUA dependendo quase que totalmente de importações. O Brasil responde por 49% das importações desse produto, e um aumento nos custos devido às tarifas pode afetar produtos diversos que utilizam açúcar orgânico, como iogurtes e achocolatados.

No que diz respeito ao chocolate, o Brasil é um importante fornecedor de manteiga de cacau, matéria-prima essencial, já que a produção nos EUA é quase inexistente. A alta nos custos pode se refletir em aumentos no preço do chocolate.

Por fim, o setor automotivo também será impactado pelas tarifas. Os metais importados do Brasil, como aço e nióbio, essenciais para a produção de veículos, tiveram suas tarifas elevadas, o que pode encarecer os produtos finais no mercado americano.

Esta nova medida de tarifa, embora tenha como intuito proteger indústrias locais, levanta preocupações sobre como esses aumentos de preços podem afetar o consumidor americano a curto e longo prazo.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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