Balneário Camboriú

Protesto marca assinatura da estadualização do Ruth Cardoso

Durante as festividades de aniversário de 61 anos de Balneário Camboriú, no último domingo (20), o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, sancionou a lei que permite ao Estado assumir o Hospital Regional Ruth Cardoso. A assinatura foi feita na Rua 3100, durante o tradicional corte do bolo, com a presença de várias autoridades, incluindo o presidente da Alesc, Júlio Garcia, deputados estaduais, federais, vereadores e secretários municipais.

Antes do ato formal, o governador, acompanhado da prefeita Juliana Pavan e de outros representantes dos poderes estaduais e municipais, fez uma visita técnica ao hospital. No entanto, durante a coletiva de imprensa ao ar livre, um protesto interrompeu a solenidade.

Os pais de um bebê que faleceu no parto no hospital, no dia 25 de abril, se aproximaram segurando uma faixa que pedia “Justiça por Ragnar”. Dayla e Edemar, emocionados, cobraram respostas do governador. Edemar expressou sua angústia: “Eu queria entender como ficam as mortes de crianças que ocorreram na antiga gestão. Meu filho morreu aqui e até hoje não tivemos respostas”.

Ele compartilhou também a frustração por ter que arcar com os custos do tratamento da esposa, após ser informado de que não teria assistência médica por residir em Camboriú. “Trabalho há sete anos em Balneário. Só porque mudei, disseram que não podiam me ajudar”, lamentou.

O governador respondeu que as investigações estão em andamento e que a justiça se manifestará a respeito. Quando Edemar questionou por que apenas o médico foi afastado e não as enfermeiras, Jorginho preferiu não detalhar a situação, evitando polêmicas. A interação foi encerrada com um gesto do governador, um tapinha no peito do pai, e a frase: “Um abraço”.

Dayla também se manifestou, recordando a dor pela perda do filho: “Meu filho foi assassinado dentro do hospital. Fui negada o procedimento que pedi. Se tivesse feito a cesárea, ele estaria aqui hoje”. Em resposta à tentativa de silenciar a manifestação, Edemar reafirmou seu direito de se expressar. “Apenas quero respostas. Se fosse o filho de vocês…”.

Em seguida, a Prefeitura de Balneário Camboriú emitiu uma nota esclarecendo o ocorrido e informando que todas as medidas necessárias foram tomadas com transparência, incluindo o afastamento do médico e a abertura de processos administrativos para os outros profissionais envolvidos.

Apesar do protesto, a cerimônia continuou com a assinatura da sanção, que oficializou a estadualização do Hospital Regional Ruth Cardoso. O governador anunciou que a meta é melhorar a estrutura, com reformas e reorganização dos serviços. “Isso é um passo fundamental para toda a região”, afirmou.

Júlio Garcia ressaltou que essa mudança corrige um erro histórico, elogiando a prefeita Juliana pela decisão de transferir a gestão para o Estado. O início do processo de estadualização ocorreu em junho, com a assinatura de um protocolo, seguido pela aprovação da lei que autorizou a transferência.

Agora, a responsabilidade pela administração do hospital passa oficialmente para o Estado de Santa Catarina. Uma comissão já foi formada, e na próxima semana será lançada a licitação para contratar uma Organização Social que cuidará da gestão do hospital.

Rodrigo Peronti

Jornalista, pós-graduado em Comunicação e Semiótica, graduando em Letras. Já atuou como repórter, apresentador, editor e âncora em vários veículos de comunicação, além de trabalhar como redator e editor de conteúdo Web.

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